quinta-feira, 26 de março de 2009

"Haja hoje pra tanto ontem."

Ao contrário do que eu pensava, existem pessoas felizes.
Conheci um cara que é baiano, trabalhou como modelo e mora com atores. Pessoas felizes que não perdem muito tempo se perguntando qual a razão a da vida do universo e tudo o mais.
Gente que sai nas festas, conhece garotas lindas e não se sentem constrangidos pela possibilidade de não serem tão atraentes quanto gostariam.
Eles acabam levando essas gurias lindas pra cama. Elas dão. Na primeira noite e durante a noite inteira. E depois nem pedem pra que você ligue no dia seguinte. Não pedem pra namorar. Não pensam em casamento.
Elas só queriam dar. Deram. Vestiram suas roupas e saíram deixando-os somente com as boas lembranças da noite anterior.

Eles não ligam se aquilo foi só por uma noite. Eles não desejam conhecer mais a fundo as garotas e saber se elas gostam do Neruda ou se emocionaram-se com Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças. Eles não querem saber e elas não querem contar.
Se as gurias eram mais que carne, se tinham ou não conteúdo isso ficou perdido no meio da noite. Dissipou-se entre gritos e suspiros de gozo e foi levado pra lavanderia junto com os lençóis. Escôou com a água e quem se importa?
Importante é que tinham belos peitos, eram cheirosas, tinham cabelos sedosos, bocas macias, e gostam de dar o que eles gostam de ter.

Meu amigo me conta as histórias das noitadas (não conta os detalhes, só as circunstâncias) e enquanto ouço, vou pensando "porque que eu não nasci tão descomplicado assim?"
Fico lembrando da minha adolescência cheia de neuras e frustrações, cheia de momentos em que eu quis algo e não busquei e penso: "A troco de quê eu sentia tanto medo?"

Não sei.
Só sei que sinto inveja (branca) dessas pessoas felizes. 
De pensar que, há 6 anos atrás eu casei só porque tinha medo de não conseguir mais ninguém e terminar a vida sozinho...

Que bobagem.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Desculpa Esfarrapada

"Que desculpinha mais manjada! Você não era capaz de sequer pensar em nada mais original que isso, pra me dizer?"


Quando ela disse essa frase, tinha uma expressão terrível de nojo na cara. Terrível porque era nojo de verdade, não dor-de-cotovelo fingindo ser nojo.
Ela tinha razão. Eu tinha usado a mesma desculpa que 99% dos canalhas usam quando vão terminar com uma menina: "Não é você, sou eu" ou "Descobri que não te mereço."E ela sentiu nojo. Nojo por eu estar subestimando sua inteligência, seu amor. Nojo porque, mesmo depois de toda a cumplicidade da relação que tivemos eu vinha lhe apresentar um justificativa rasa e mentirosa. Ela estava se sentindo ultrajada.

Mas como? Como fazer de outra forma?

Como explicar pra menina, sem deixar que ela perca a auto-estima que, mesmo que continue sendo bonita, o tesão que você tinha por ela simplesmente acabou. Como revelar que, cada uma daquelas idiossincrasias que ela tem e que antes te divertiam, agora te cansam e te irritam. Como não deixar que ela se sinta ofendida depois de contar que agora você sente alívio quando ela não está por perto. Como não matá-la por dentro ao explicar que a relação acabou porque acabou o amor. Que todo o cuidado que ela lhe dedica está te sufocando e te fazendo sentir-se menos dono de si mesmo. Como explicar sem soar egoísta que você tem se trancado pra trabalhar no quarto porque não tolera mais cruzar com ela no corredor? Como fazer isso sem destruir completamente o coração dela? Sem deixar que ela se sinta um lixo?

O amor acaba, essas coisas acontecem o tempo todo. A relação mais longa e estável não necessariamente é a melhor. Mas na hora em que acaba a guria sempre exige que você diga algo... que você dê algum tipo de explicação. É quando lança-se mão da cara de pau e usa-se desculpas bobas porque, se fosse realmente falar a verdade como ela pediu, o estrago poderia ser bem maior.