quinta-feira, 29 de abril de 2010

Blower's Daughter

Então é isso.
De uma hora pra outra disse-se "adeus". Viradas as costas, nada mais resta.
Os dois se olham nos olhos, constrangidos, ensaia-se um beijo no rosto, amigos agora. Amigos.
Todas as noites tórridas de amor, todos os carinhos na barriga, todos os sussurros ao pé do ouvido, os jantares, as risadas, as mãos dadas suando, o gosto do perfume dela na nuca, o cheiro dos cabelos, aquela calcinha que você adorava que ela usasse. Tudo agora fica relegado ao campo das lembranças.
A partir de agora você vai seguir o seu caminho e ela vai tentar seguir o dela sem você.
A partir de agora são apertos de mãos ou beijos no rosto meio sem jeito, meio duros, meio sem graça. Amigos, então.

Ela certamente encontrará outro alguém, você certamente encontrará outro alguém antes dela e os quatro eventualmente se encontrarão sem querer no saguão do Belas Artes. Haverão sorrisos amarelos, você procurará defeitos físicos execráveis nele e ela vai reparar no modo como você e sua nova namorada dão-se as mãos.
A partir de agora só amigos e com o tempo as lembranças daquela viagem vão se esmaecer. Aquela conversa louca que vocês tiveram de madrugada enquanto fumavam um beque, vai perder o brilho. O sabor único daquela pizza que vocês comiam juntos será substituído por outra coisa qualquer.
A partir de agora ela será mais um nome da sua lista de contatos, mais uma história pra você contar no blog, mais um fracasso pra você relatar pro analista.

A partir de agora ela será mais um remorso.

sábado, 24 de abril de 2010

Diálogo 7

De manhã, enquanto eu acariciava um ponto específico das coxas dela:
_Cê tá brincando com as minhas estrias?
_Tou.
_Por que você não brinca com as minhas varizes?
_Porque as varizes são pequenas.